de Homero Gomes
Finalmente estou retomando a escrita da novela juvenil Paralelo Um, que já teve um título esquisitíssimo: A Jornada de A Bao A Qu. E nessa fase de retomada é impossível não repensar estratégias, técnicas, objetivos, modos e meios de se alcançar a infância que tive, mas fazendo com honestidade, pretendendo chegar próximo à imaginação e inventividade que possuía às vésperas da puberdade. Pensar em algumas coisas é inevitável.
Educar não é criar, e eu creio que só a natureza cria. (Monteiro Lobato)
Uma das conclusões que tiro dessa citação que pesquei do principal autor de literatura para jovens do Brasil do século XX é que estamos sozinhos nesse turbilhão de conhecimentos da vida. De certa forma, querendo ou não, nossos professores são mecanismos de apoio nessa caminhada, são nossas muletas. E a literatura também.
Por muito tempo a literatura para jovens trouxe elementos educativos (escondidos ou não) entre suas linhas. Eles pretendiam servir de lupa para determinados comportamentos, representando e endossando determinadas concepções de mundo. Monteiro Lobato não foi exceção.
Mas o papel da literatura, de suas histórias – na forma como vejo – não deve ser educar, mesmo que eduque, não servirá de apoio à criação dos futuros cidadãos do país e do mundo, mesmo que algumas das histórias se tornem muletas durante a infância e adolescência.
Além disso, histórias são também mercadorias, pois estão inseridas em um mercado, com público e profissionais envolvidos até a medula nisso, que interagem entre si, influenciando nossas concepções sobre o que é e como deve ser uma boa história para se ler, escrever ou contar.
É nesse turbilhão que eu acabo perdendo o fôlego, mas não a vontade de buscar alternativas. Porque eu ainda lembro muito bem do leitor que fui e escrevo também pensando nele, querendo diverti-lo e surpreendê-lo. Falta saber se o jovem que fui já está ultrapassado ou se as expectativas continuam as mesmas. Preciso renovar a visão de juventude que possuo?
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