quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Trecho de Carne Quebrada


Não é novela juvenil, como já vi comentários por aí, nem livro de contos. É romance brasileiro, livro sem idade, e muito bem escrito, mas isso não quer dizer que vai fazer você dormir no meio, não mesmo, embora dê pra dar uma bocejadas em alguns trechos. Mas há outros, como este que selecionei, que são divertidos.




Tiago de Melo Andrade



Ferreirinha, o grande médium, evocou a presença do espírito no centro. Ele e seus ajudantes esperavam doutriná-lo com os ensinamentos kardecistas, convencendo-o a abandonar o plano físico-material e seguir seu caminho de evolução espiritual, mais ou menos nesse tom já conhecido de histórias de cinema:

- Vá para a luz, Dedé! Vá para a luz...

Mas Dedé não queria saber de conversa nem de luz nenhuma. E, usando seus poderes de fantasma, largou uma bofetada ferina na nuca do médium, que, além de perder o cabelo, botou de uma só vez pela ponta da caneta dois novos romances de Machado de Assis, um Proust, original em francês, e já ia um Dostoiévski pela metade quando a pancada perdeu o gás.




ANDRADE, Tiago de Melo. Carne Quebrada. São Paulo: Melhoramentos, 2010. p. 69

terça-feira, 25 de outubro de 2011

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O casamento do Pato Donald




Por Marcus Ramone - Universo HQ



O namoro já dura mais de 70 anos. Mas, finalmente, Donald resolveu pedir Margarida em casamento, na edição deste mês da revista do pato enfezado.

Em Eram duas vezes…, HQ de abertura do gibi, uma aventura dividida em duas linhas de tempo paralelas - mostradas uma ao lado da outra, numa mesma diagramação de página - apresenta uma divertida e não menos dramática trama, que tem início a partir do crucial momento em que Margarida espera Donald em frente a um restaurante, no qual acontecerá o pedido de casamento.

Os eventos seguem cursos diferentes, mas o final feliz do casal é garantido.

Mais quatro histórias completam a edição, incluindo Pato-Aranha, na qual o sobrinho preferido do Tio Patinhas encarna uma bizarra e engraçada versão do Homem-Aranha.


 













Pato Donald # 2397, publicação da Editora Abril, tem 48 páginas e custa R$ 2,95. A distribuição é nacional.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Astrônomos descobrem o maior reservatório de água do universo



Para continuar nessa onda astronômica, mais um post sobre o universo. Agora, um artigo da revista Superrinteresante. Isso tudo é pra ir acostumando meus futuros leitores com o ambiente que estou criando para a novela/romance Paralelo Um. Boa leitura!





O maior e mais distante reservatório de água do universo tem o equivalente a 140 trilhões de vezes a quantidade de água de todos os oceanos que existem na Terra, informou a NASA.

Esse reservatório foi encontrado na região gasosa que cerca o quasar, APM 08279 5255, localizado na constelação Lynx, a mais de 12 bilhões de anos-luz da Terra. Isso significa que essa massa de água existia quando o Universo tinha apenas 1,6 bilhão de anos – hoje, ele tem cerca de 13 bilhões. Segundo Matt Bradford, que liderou uma das equipes que fez a descoberta no laboratório da Nasa em Pasadena, Califórnia, “o ambiente em torno desse quasar demonstra que a água está presente em todo o universo, mesmo em seus tempos mais antigos”. Os astrônomos já haviam detectado vapor de água na Via Láctea, mas numa quantidade 4.000 vezes menor. Mas o que diabos é um quasar? É um objeto astronômico maior do que uma estrela e menor do que uma galáxia. Um quasar é alimentado por um enorme buraco negro que consome constantemente gás e poeira ao seu redor. Antes de ser engolida, essa matéria é atraída em direção ao buraco negro, formando um anel que libera muita energia. O quasar estudado aqui abriga um buraco negro com uma massa 20.000 milhões de vezes maior que o sol e produz energia equivalente a mil trilhões de sóis.

O vapor d’água foi descoberto graças a instrumentos capazes de observar comprimentos de ondas milimétricas e submilimétricas. Esses instrumentos detectaram características da água chamadas assinaturas espectrais e, assim, recolheram as informações necessárias para determinar o tamanho do reservatório.


FONTE : http://super.abril.com.br/blogs/superblog/astronomos-descobrem-o-maior-reservatorio-de-agua-do-universo/

terça-feira, 23 de agosto de 2011

O primeiro homem em órbita

Seu nome
Yuri Alekseyevich Gagarin.

Seu meio de transporte ao redor do planeta Terra
Vostok 1 (3KA-3)

Quando aconteceu?
Em 12 de abril de 1961






A trajetória da espaçonave Vostok





Fontes: First Orbit / Wikimedia Commons

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Indicação de leitura: trilogia de Eddie Dickens


Tempos Terríveis, de Philip Ardagh, publicado pela editora Record no início da última década, é o último volume da chamada trilogia de Eddie Dickens e acabou não se tornando uma história queridinha por nós, jovens brasileiros, mas não ter sido um bestseller não depõe contra a trilogia gótico-nonsense escrita por esse escritor de mais de dois metros de altura (!). Eu, contrariamente, gosto desses livros ignorados pelo grande público, pela mídia, mas também não sei até que ponto essa história foi ignorada; eu descobri esses livros fuçando uma biblioteca, coisa que eu aconselho a todos os que estão lendo este pequeno texto.

Além dessa prática saudável, que aumenta nosso repertório de leitura e melhora nossa resistência física - considerando a quantidade de passos que podem ser dados dentro de uma grande biblioteca -, indico a leitura dessa trilogia sem nenhum medo de errar. Pois é uma leitura divertida e, também, uma experiência de como um autor pode escrever uma história quase sem pé nem cabeça, possuindo alguns parafusos a menos... Ardagh possui pelo menos uns três parafusos faltando naquela caixola cabeluda!

Ah, começe com o livro Fim Medonho, passe por Atos Assombrosos e depois me diga se você teve Tempos Terríveis de leitura ou não. Aposto que não.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Histórias sem noção



Fiz uma seleção de algumas bizarrices do mundo. Inacreditável.


Mario e videogame

Em novembro do ano passado, um japonês conhecido como Sal9000 casou-se oficialmente com a bela Anegasaki. Tudo bem até ai, se a moça não fosse apenas um personagem de videogame. O casório rolou em Guam, uma ilha na Micronésia, um dos únicos lugares onde é permitido casar-se com objetos e seres imaginários.

Porrada iluminada

Sumô é coisa do passado. A moda agora no japão é luta com lâmpadas de neon! Dois lutadores gordões ficam no ringue se atacando com lâmpadas daquelas bem compridas. A briga é cortante e sangrenta com vidro e pó branco voando por todos os lados. Ganha, claro, quem conseguir ficar de pé até o final…

Gol de Peito

Todo mundo já viu um jogador de futebol comemorar um gol levantando a camisa. Mas em um jogo de futebol feminino? Pois a jogadora Rócio Torres, no time espanhol Bueu resolveu fazer isso, mostrando as peitcholas para a torcida. Mas as adversárias partiram para a pancadaria. Ô falta de esportiva…



Fonte: Mundo Estranho Ed.100 Junho 2010

Clique para baixar revista

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Receita para o bolo literário


de Homero Gomes


Finalmente estou retomando a escrita da novela juvenil Paralelo Um, que já teve um título esquisitíssimo: A Jornada de A Bao A Qu. E nessa fase de retomada é impossível não repensar estratégias, técnicas, objetivos, modos e meios de se alcançar a infância que tive, mas fazendo com honestidade, pretendendo chegar próximo à imaginação e inventividade que possuía às vésperas da puberdade. Pensar em algumas coisas é inevitável.

Educar não é criar, e eu creio que só a natureza cria. (Monteiro Lobato)


Uma das conclusões que tiro dessa citação que pesquei do principal autor de literatura para jovens do Brasil do século XX é que estamos sozinhos nesse turbilhão de conhecimentos da vida. De certa forma, querendo ou não, nossos professores são mecanismos de apoio nessa caminhada, são nossas muletas. E a literatura também.

Por muito tempo a literatura para jovens trouxe elementos educativos (escondidos ou não) entre suas linhas. Eles pretendiam servir de lupa para determinados comportamentos, representando e endossando determinadas concepções de mundo. Monteiro Lobato não foi exceção.

Mas o papel da literatura, de suas histórias – na forma como vejo – não deve ser educar, mesmo que eduque, não servirá de apoio à criação dos futuros cidadãos do país e do mundo, mesmo que algumas das histórias se tornem muletas durante a infância e adolescência.

Além disso, histórias são também mercadorias, pois estão inseridas em um mercado, com público e profissionais envolvidos até a medula nisso, que interagem entre si, influenciando nossas concepções sobre o que é e como deve ser uma boa história para se ler, escrever ou contar.

É nesse turbilhão que eu acabo perdendo o fôlego, mas não a vontade de buscar alternativas. Porque eu ainda lembro muito bem do leitor que fui e escrevo também pensando nele, querendo diverti-lo e surpreendê-lo. Falta saber se o jovem que fui já está ultrapassado ou se as expectativas continuam as mesmas. Preciso renovar a visão de juventude que possuo?

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O jogo Swarm


Comandar um exército estúpido pode ser difícil, mas não deixa de ser engraçado
 














Homenzinhos azuis chegaram para se matar e fazer com que você se divirta


(Pop Games)

"Swarm", que acaba de chegar - distribuído digitalmente para o Xbox 360, PS3 e PCs - é uma divertida aventura que coloca o jogador no controle de simpáticos (porém pouco inteligentes) alienígenas, e deve ajudá-los com a difícil tarefa de sair das fases em segurança e sem nenhum arranhão.

Produzido pela já experiente Hothead Games, a mesma de "DeathSpank", "Swarm" lembra de cara o clássico "Lemmings", já que o objetivo continua praticamente o mesmo. Isso resulta em uma combinação primorosa de nostalgia com elementos atuais prá lá de divertida.
  


Atrapalhados, obedientes e burros...

Como a história é quase inexistente e passável, o jogador é apresentado a fases ambientadas em cenários hostis e deve ajudar as pobres criaturas a chegarem ilesas ao final dos trajetos. Em cada uma, se começa com 50 criaturinhas e o objetivo é fazer que o máximo possível chegue vivo ao destino.

O grande destaque do jogo é que, como os swarms (homenzinhos azuis) são estúpidos ao extremo, apesar de obedientes, nem sempre serão capazes de fazer exatamente o que o jogador ordenou. Um bom exemplo é um momento em que as criaturinhas recebem instrução para explodir uma parede com bombas dispostas pelo cenário. Quando começam a tarefa, se atrapalham e acabam jogando alguns companheiros desavisados junto com as bombas - o que fatalmente resulta em mortes cômicas e bastante divertidas.

Na verdade, isso não se trata de uma falha de inteligência artificial e sim de uma situação proposital que faz parte da jogabilidade e que não penaliza o jogador. É divertido ver a confusão causada pelos alienígenas quando executam as ordens, e esse é o maior destaque do jogo.

Os controles são precisos e permitem que se controle cada "Swarm" de uma vez, o que deixa a coisa um pouco mais complicada, porém bem mais estratégica que em "Lemmings" ou até mesmo em "Pikmin".
Por se tratar de um game lançado via donwload, o preço é um dos atrativos e faz de "Swarm" uma ótima opção para uma diversão descompromissada. Só não espere que será fácil, pois, pelo contrário, a alta dificuldade pode até afastar os menos dedicados.   



Fonte: Portal Pop


Conheça, também, a página oficial do jogo.




sexta-feira, 10 de junho de 2011

Paisagem alien

Blue Oasis, Iceland



Completamente alien. Nem parece real! Pelo que entendi, é uma lagoa termal, da Islândia. Imagem inspiradora para a escrita de uma das partes da novela Paralelo Um, onde Karl se perde em um deserto à procura dos pais desaparecidos.


Isso me faz lembrar que preciso retomar a reescrita da novela.



Postado originalmente no Tumblr do Paralelo Um.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Teoria sobre o espaço-tempo confirmada!

Olá, povos deste e de outros paralelos, a matéria a seguir comenta o feito de uma sonda de gravidade B (GP-B) ao confirmar previsões cruciais feitas pelo físico alemão Albert Einstein em 1915.



Nasa/Divulgação
Nasa/Divulgação
Sonda da Nasa orbita a Terra

As observações da sonda de gravidade B (GP-B) comprovaram que a massa da Terra está muito sutilmente causando uma curvatura no tempo e no espaço ao seu redor, e até arrastando-os consigo.

Os cientistas conseguiram observar esses efeitos através do estudo do comportamento de quatro esferas super-precisas levadas dentro do satélite.

Os resultados foram publicados na revista científica Physical Review Letters.


Leia mais a respeito na matéria completa publicada no Estadão.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Uma veste provavelmente azul








por Caio Fernando Abreu



Eu estava ali sem nenhum plano imediato quando vi os dois homenzinhos verdes correndo sobre o tapete. Um deles retirou do bolso um minúsculo lenço e passou-o na testa. Pensei então que o lenço era feito de finíssimos fios e que eles deviam ser hábeis tecelões. Ao mesmo tempo, lembrei também que necessitava de uma longa veste: uma muito longa veste provavelmente azul. Não foi difícil subjugá-los e obrigá-los a tecerem para mim. Trouxeram suas famílias e levaram milênios nesse trabalho. Catástrofes incríveis: emaranhavam-se nos fios, sufocavam no meio do pano, as agulhas os apunhalavam. Inúmeras gerações se sucederam. Nascendo, tecendo e morrendo. Enquanto isso, minha mão direita pousava ameaçadora sobre suas cabeças.

Fonte: ABREU, Caio Fernando. O Ovo Apunhalado. Porto Alegre: L&PM, 2001. p. 61. (L&PM Pocket; 260)









terça-feira, 10 de maio de 2011

Trecho da novela Paralelo Um

Logo abaixo, inseri o trecho da novela Paralelo Um em que eu apresento a história do monstro que surgiu no armazém da família de Karl. Sabia que há um mito sobre ele em um país lá da Oceania? 





Leia o trecho e conheça mais sobre um dos monstros que irão apavorar Karl nessa aventura.




Antes de aparecer no armazém dos avós de Karl, A Bao A Qu vivia na Torre da Vitória, em Chitor. Para quem não sabe, isso fica na Malásia. Era uma torre espiralada cheia de degraus, quase infinitos. O topo dela possuía a vista mais esplêndida do mundo, dela era possível ver o mundo todo, todos os países e pessoas. Mas A Bao A Qu, como possui os pés no lugar dos braços, precisava esperar os seres humanos com coragem para enfrentar a escalada, para agarrá-los com os dentes pela panturrilha.

A cada degrau vencido, A Bao A Qu mudava de forma e de cor. Transformava-se em homem de verdade, perdendo a forma grotesca. É possível até dizer que ficava belo. Quando, enfim, alcançava o topo da Torre da Vitória, tornava-se um ser perfeito, mais perfeito que um deus grego. Se bem que eu nunca vi um deus grego.

O que tenho certeza é que A Bao A Qu se cansou desse vai-e-vem da Torre, pois ser humano nenhum fica lá pra sempre, todos voltam e, infelizmente, o monstrengo fedido tem que voltar junto, transformando-se novamente nesse monstro terrível aí. Por isso, ele apareceu no armazém, pra infelicidade de Karl.

Mas mal sabe A Bao A Qu em que arapuca ele se meteu.


© Homero Gomes

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Observando o início dos mundos



Especialistas da NASA disseram que o observatório James Webb "obterá imagens desconhecidas" da formação das galáxias e responderá muitas dúvidas sobre a origem do universo e da humanidade.

O James Webb Space Telescope será um grande telescópio de infravermelhos com um espelho primário de 6,5 metros. O lançamento está previsto para depois de 2014.

Ele irá estudar cada etapa da história do nosso Universo, desde o primeiro luminoso brilho após o Big Bang, a formação de sistemas solares capazes de suportar a vida em planetas como a Terra e a evolução do nosso próprio Sistema Solar.

Ou seja, por meio dele será possível ver como tudo começou, fotografar o início do universo... ou quase.



Conheça mais sobre o James Webb, jogando o Scope In Out! aqui.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Não é fácil inovar

No Tumblr do Paralelo Um estou sempre postando curiosidades e imagens incríveis sobre tecnologia, ciência, entre outros. De lá é que coletei a postagem de hoje para o blogue. Acompanhe Karl por lá também!




A primeira versão doméstica do PC ajudou a desacreditar o computador como um item para se ter em casa. Em 1969, a loja de departamentos Neiman Marcus lançou o Honeywell Kitchen Computer. Por 10600 dólares, a moderna dona de casa americana podia ter uma máquina para armazenar e consultar receitas culinárias. Claro que ainda era bem mais barato e prático manter um caderno de papel e o Honeywell foi um fracasso. “Não há razão para que alguém queira ter um computador em casa”, disse Ken Olson, presidente da Digital Equipment Corp., ainda em 1977.



Nem todas as invenções foram introduzidas na sociedade de forma tão gradual. Desde que os irmãos Lumière criaram o cinematógrafo, em 1895, havia o desejo de sincronizar imagem e som. Apresentações de música ao vivo animavam a exibição das películas. Depois foram usados discos, mas os esforços para incrementar o áudio seguiam firmes. Mesmo assim, Harry Morris Warner, co-fundador do estúdio Warner Brothers Pictures, declarou, em 1927: "Quem diabos quer ouvir os atores falando?"


Matéria completa sobre invenções que enfrentaram o descrédito antes de emplacar.



quinta-feira, 14 de abril de 2011

Planetas Habitados


Como a proposta deste blogue não é apenas ficar apenas tagarelando a respeito da novela Paralelo Um, mas também trazer para vocês materiais interessantes em diversos temas. Hoje, publico um conto de André Carneiro*, um dos grandes autores da ficção cientítica do Brasil e do mundo.




— Olhe como são bonitas, milhares de estrelas...
— E quase todas devem ser rodeadas de planetas como o nosso, habitados, provavelmente...
— Custa-me acreditar...
— Os cientistas dizem que há milhões, talvez trilhões de planetas, só nas galáxias mais próximas. A vida existiria como aqui.
— Devo ter pouca imaginação. Acho difícil visualizar planetas habitados, com seres iguais a nós, vivendo como nós.
— Por que “iguais e vivendo como nós”? É pretensão injustificável deduzir que só animais semelhantes tenham desenvolvidos inteligência. E os objetos de forma arredondada, vistos em nossa órbita? Muita gente os vê a olho nu.
— Não seriam pessoas sugestionáveis ou com defeitos na vista? Li num artigo: essas aparições são fenômenos naturais pouco estudados, ou máquinas voadoras feitas aqui mesmo, em experiências secretas.
— Talvez, em parte. Mas já há uma boa documentação e não vejo motivo de espanto em supor que outros planetas do nosso sistema sejam habitados.
— Mas os seres que comandam ou pilotam essas naves espaciais, por que não pousam e entram em contato?
— Não passa de orgulho gratuito pensar que habitantes de outros planetas estejam interessados em dialogar conosco. Esses engenhos talvez sejam minúsculos, comandados a distância. Estarão apenas
nos estudando com seus aparelhos? E é bem possível que eles sejam tão diferentes de nós que não haja uma possibilidade de entendimento imediato.
— Falariam línguas impossíveis de se aprender? Quem sabe emitam ruídos, ou comuniquem-se por gestos...
— Nossos cientistas acabariam descobrindo a chave. Ou eles, mais inteligentes, nos ajudariam a compreendê-la.
— Aquela estrela brilhante não é um planeta?
— É. Ali há condições para a vida. Talvez primitiva e diversa da nossa, pois sua temperatura é extraordinariamente alta.
— Escrevem muitas histórias sobre aquele planeta. Costumam inventar seus habitantes como sendo monstros destruidores, interessados em conquistar a galáxia...
— Histórias e hipóteses... Quem sabe eles têm mesmo duas antenas na cabeça, um olho atrás, outro na frente, quatro braços e seis patas.
— Seria engraçado se fosse assim.
— Por quê?
— Pior se tivessem dois braços, um par de olhos em cima do nariz...
— Seu conceito de beleza é muito exclusivista.
— Gente normal como nós poderia se entender com monstros pavorosos?
— Fique tranqüilo. É provável que eles só existam nas histórias. E descobriram que lá a atmosfera é oxigênio puro. De mais a mais, o terceiro planeta possui só um terço de matéria sólida. O resto é uma substância líquida onde a vida é improvável.
— Esta conversa me abala os nervos. Imaginar monstros pernaltas, com dois olhos na frente. Toque aqui a antena.
— Adeus. Não pense mais no assunto. E saia com cuidado para não incomodar as crianças. Seis patas fazem muito barulho...



Fonte: André Carneiro. Planetas Habitados. In: CAUSO, Roberto de Sousa (Org.). Histórias de ficção científica.
São Paulo: Ática, 2005. p. 27-30. (Para Gostar de Ler; 38)


* André Carneiro (Atibaia, 9 de maio de 1922) é poeta, romancista, contista, cineasta e artista plástico. Na literatura, ramo ao qual mais se dedicou, tem obras publicadas na Espanha, Argentina, França, Suíça, Alemanha, Bélgica, Inglaterra, Itália, Bulgária, Suécia, Rússia, Japão e Estados Unidos. Membro de sociedades artísticas e científicas integra a Parapsychological Association, a Science Fiction and Fantasy Writers of America, e a Academie Ansaldi, de Paris. Foi escolhido "Personalidade do Ano de 2007" pelos editores do Anuário Brasileiro de Literatura Fantástica.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Tempo relativo



Tempo em história steampunk é um conceito que foge dos ponteiros do relógio!

Como explicar os aparatos altamente desenvolvidos em um século XIX, normalmente britânico, às voltas com a revolução industrial de quem herdamos máquinas à vapor?

Em KARL - Paralelo Um (título provisório), a novela que estou escrevendo e reescrevendo, o desenvolvimento tecnológico se deve às viagens no tempo. Existe até agências que trabalham promovendo essa espécie de roteiro turístico; entretanto, muitas coisas não mudaram na cidade onde Karl vive com a família. Devido à grande quantidade de gases poluentes e venenosos (mortíferos mesmo) no ar, além de usarem máscaras, eles aboliram toda forma de mecanismo que gera energia por meio da queima de combustíveis ósseos (como gasolina, diesel). Por isso, para se locomoverem voltaram a andar de carruagens, berlindas, fiacres e por aí vai.

Misturar o velho e o novo é muito divertido.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Jogo Pega-alien



O visual "Homens de preto" desse jogo não é muito a cara de KARL, a novela tem um "vizu" mais eclético, misturando o novo e o velho como no estilo steampunk (veja o Tumblr do Paralelo Um). Mas linko esse jogo porque em certo momento da história, mais para o final dela, os pais de Karl desaparecem quando a família sai para acampar. Karl fica sozinho na floresta e acaba sendo abduzido por naves... Dentro delas, ele reencontra seus pais, mas eles se transformaram em cobaias de experimentos estranhos.

Enquanto a história não vem por completo, se divirta com esse desafio. Corra atrás desse alien!



terça-feira, 5 de abril de 2011

A Bao A Qu




Esse personagem, quase parecido com a foto que encontrei, aparece no armazém da família de Karl, quando ele está tentando estudar para as provas finais. A partir daquele momento sucederá um perigo atrás do outro, onde a imaginação de Karl precisará literalmente salvar a sua pele.

Essa história é ambientada em um século XIX desenvolvido tecnologicamente, devido às constantes viagens no tempo que ocorrem.

Espero conseguir publicar essa história em breve, mas enquanto isso, vamos trocando uma ideia por aqui e também no Tumblr do Paralelo Um, falando de literatura, viagem no tempo, tecnologia, ficção científica, alienígenas, monstros e rock 'n' roll.

Quantas dimensões a física conhece?

por Victor Bianchin e Marina Motomura



Oficialmente, apenas quatro, mas há teorias que sugerem até dez dimensões. Uma das correntes científicas que defendem as dez dimensões é a Teoria das Supercordas, que afirma que as dez dimensões interagiriam entre si como as cordas de um violino. Mas tudo fica só na especulação: os próprios cientistas admitem que, com a tecnologia - atual, ainda não é possível comprovar as dez dimensões.



Os dez mandamentos
Na Teoria das Supercordas, dimensões vão de uma simples reta até um conjunto de big-bangs

1. Antes da primeira dimensão, existe a dimensão zero, que é apenas um ponto. A conexão entre dois pontos forma a primeira dimensão, que é uma reta. Nosso conceito de largura vem dessa conexão entre os pontos

2. O plano é a segunda dimensão. Para ser bidimensional, um objeto precisa de dois valores numéricos (correspondentes aos nossos conceitos de largura e comprimento) para ser situado, porque ele tem dois eixos

3. A terceira dimensão é o espaço. Para um objeto, isso significa ganhar profundidade e se tornar tridimensional, ou seja, ser dono de três valores numéricos que o situem (largura, comprimento e profundidade)

4. A quarta dimensão é a duração ou o tempo. Ela é a linha que leva cada ser quadrimensional (como nós, seres humanos) do começo (eu bebê) ao final da existência (eu velhinho). Nós não percebemos essa dimensão, por isso não podemos voltar ou avançar no tempo para ver nossos "eus" passados e futuros

5. Na quarta dimensão, a cada momento, uma série de variáveis define o que seremos no instante seguinte. A versão que fica (o eu "normal") é apenas uma entre infinitas que poderiam rolar (como o "eu viking", "eu pirata" e "eu palhaço"). A quinta dimensão é o conjunto de todas essas versões

6. A sexta dimensão é o caminho entre as possibilidades da 5D. Seria como se todas as suas infinitas versões estivessem dispostas em um plano, como uma folha, e você pudesse dobrar essa folha, encostando um lado (o "eu normal", por exemplo) em outro lado (como o "eu viking")

7a. Os vários "eus" possíveis da 6D estão dentro de um universo. A sétima dimensão pega o conceito de linha temporal da 4D e aplica a todo esse universo, traçando uma linha do tempo que começa no big-bang, evento que teria dado início a tudo

7b. Mas não é só: a sétima dimensão também diz que, assim como cada um de nós, o universo também pode ter várias versões, e estabelece que existem universos alternativos ao nosso, originados do mesmo big-bang

7c. O "nosso" big-bang é apenas uma possibilidade. Podem existir outros big-bangs diferentes que podem ter dado origem a outros universos, os quais também podem ter infinitas versões. A 7D reúne todos os big-bangs e todos os infinitos universos possíveis

8. Imagine que cada uma dessas bolinhas da imagem acima é um dos big-bangs (com seus respectivos universos derivados) existentes na sétima dimensão. A oitava dimensão é um vértice, um ponto de intersecção a partir do qual se pode chegar a qualquer uma das "bolinhas"

9. Partindo da figura da 8D, imagine que o vértice é um ponto onde o plano formado antes pode ser dobrado. A nona dimensão nada mais é do que uma dobra nesse plano, para encostar um big-bang no outro e permitir viajar entre eles - como as viagens entre os "eus" na 6D

10. A décima dimensão é o conjunto de todos os caminhos para todos os big-bangs, que dão origem a todos os universos. Imagine pegar todas as nove dimensões e juntar tudo num pontinho. Essa é a décima dimensão - o fim do caminho, de onde não há mais para onde ir


Fonte: Revista Mundo Estranho